quarta-feira, 16 de abril de 2008

Quarta, 16 de Abril de 2008 – Diário de Notícias

Os alunos do ensino superior público voltam hoje a manifestar-se contra o aumento das propinas, o Processo de Bolonha e o que entendem ser a "privatização pretendida pelo RJIES [Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior]". A concentração será às 16.00, em Lisboa, frente ao Ministério da Ciência e do Ensino Superior.Ninguém sabe ao certo de onde partiu a convocatória nacional para esta acção de protesto. O panfleto distribuído nas faculdades não tem qualquer referência à organização e alguns dirigentes estudantis contactados ontem pelo DN admitiam poder tratar-se de uma manifestação promovida pela JCP.
"Isto não tem nada a ver com a Juventude Comunista Portuguesa. Estamos ao lado dos estudantes na luta, mas quem organiza a manifestação são associações ou grupos organizados", garantiu ao DN fonte da JCP.

Independentemente da "paternidade" da ideia e de haver associações que se demarcam da iniciativa - caso da Académica de Coimbra -, o protesto sairá para a rua. Embora ninguém arrisque avançar números.

"Aderimos à convocatória nacional porque achámos que era válida em virtude da situação do ensino superior e das nossas saídas profissionais", afirma André Solha, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.Segundo este dirigente estudantil, o Conselho Directivo da sua faculdade "decidiu aprovar [ontem], contra o voto dos alunos de Letras, o aumento das propinas de 700 para 900 euros, já em 2009". Por isso, e apesar de a participação na manifestação já ter sido decidida a 10 de Março, em Reunião Geral de Alunos (RGA), "faz sentido lutar contra o aumento, porque não nos dão as regalias das outras faculdades da UL, ao nível de infra-estruturas e meios materiais".

A "perda de autonomia com a aprovação do RJIES", a "forma como o Processo de Bolonha foi implementado" e as "alterações estatutárias na Faculdade de Letras sem que os estudantes estejam a ser ouvidos" são outros factores que levam os alunos ao Ministério de Mariano Gago.

Também na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa foi votada em RGA a participação no protesto. Bernardo Nunes, presidente da Associação de Estudantes, enumera ao DN as razões do descontentamento: o aumento das propinas (ali pagam 950 euros por ano), a redução das bolsas de estudo, o preço dos mestrados em consequência do Processo de Bolonha - "agora, sem mestrado não temos habilitações para o mercado de trabalho" - e "o novo regime jurídico que cada vez mais transforma as faculdades em fundações, permitindo que o Estado 'lave as mãos' e atire com as responsabilidades para cima das faculdades".

http://dn.sapo.pt/2008/04/16/sociedade/alunos_ensino_superior_voltam_a_prot.html

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